Quase sempre chegamos juntos na hora em que a Academia se abre, bem cedo. Entre outros, eu e um casal muito simpático, sempre de mãos dadas. Ele deve ter uns 80 anos; ela é mais nova e tem por volta de 70, talvez um pouco mais.
Depois que entram eles se separam: ele vai ao setor de ginástica e ela à piscina, para onde também vou.
Após mais ou menos uns 50 minutos, sempre calçando um par de tênis branco, com as meias compridas bem puxadas, uma sacola na mão e andando devagar, ele chega na área da piscina e se senta para esperá-la. Com um olhar distante, mas sereno, ele tem o hábito de observar a sua esposa nadando e se exercitando. Talvez pense nos longos anos em que viveram juntos, nas águas que rolaram, nos sonhos, frustrações e amores…
Dali a pouco ela sai. Eu continuo nadando mais um tempo; às vezes diminuo o ritmo para observá-los discretamente.
Quando ela sai da piscina, ele se levanta com a toalha aberta nas pontas dos dedos e a envolve por trás, cobrindo-a com delicadeza. Até parece um ritual de afetividade. Ela agradece com um sorriso e vai tomar uma ducha.
Depois que ela volta da ducha, já trocada e bonita, eles saem vagarosamente de mãos dadas e vão-se embora. Ela sempre esfuziante; ele um pouco mais sério. Talvez passem o resto do dia falando dos problemas e desafios da vida; talvez falem de amores e de sonhos.
É sempre uma cena muito linda. Dizem que o amor, se bem abastecido na sua fonte, não se acaba. Este caso parece uma prova de que o amor pode resistir ao tempo vivido; talvez um lindo caso de amor por toda a vida, um caso de amor eterno.