Lá na roça comemorávamos o Dia dos Pais, e outras datas importantes, com um bom almoço. Almoço da roça, sem preocupações com luxo ou fineza.
No dia a dia da roça quase não havia comida requintada.
Era sempre arroz, feijão e alguma “mistura” que podia ser um ovo, frango caipira, batata ou mandioca frita. Junto uma salada de alface e tomate. Não havia nada mais além disso.
O que mudava era tempero. Às vezes tinha um torresmo ou um jabá no feijão e isto já deixava a comida diferente, com mais sabor.
Não havia beterraba, cenoura, espinafre e essas outras coisas importantes. O povo da roça não gosta de coisas muito diferentes. O melhor mesmo é a comida do dia a dia.
A diferença ficava por conta dos domingos. A minha mãe sempre fazia um macarrão especial e um frango cozido. Era o máximo de prazer.
A grande exceção ficava por conta das datas importantes, como o Dia dos Pais. Aí sim, tinha um frango especial, recheado com farofa; ou então carne de porco na lata, uma das coisas mais deliciosas da culinária caipira.
Certa vez recebemos um famoso político da cidade. A minha mãe fez para ele a carne na lata. Ele adorou e disse que aquilo não era “carne na lata”, conforme falávamos. Era “confit”, como se chama o método de conservação da carne em imersão na gordura.
Até entendemos bem, mas “confit” parecia coisa de rico, e na roça as pessoas são simples e não gostam nem de falar bonito. Para nós, aquela delícia continuou a se chamar “carne na lata”.
Bons e velhos tempos. A vida era humilde, mas éramos felizes, muito felizes!